Mensagem do presidente da AMOMIF

Prezados membros e parceiros,

A instabilidade social vivida nos últimos meses em Moçambique tem-se alimentado da exclusão económica e social de milhões de cidadãos. O sistema financeiro prevalecente em Moçambique não está estruturado para incluir e servir as micro e pequenas empresas. O papel e vitalidade da indústria microfinanceira promovida em inúmeras economias como um factor de inclusão social e económica não tem tido esse reconhecimento em Moçambique. Mas, no último ano começam a surgir sinais de mudanças no sentido de se reconhecer o potencial contributo das instituições micro financeiras (IMFs) para se promover um sistema financeiro mais inclusivo.

É com grande entusiasmo que o Conselho de Direção tem captado  esses sinais de mudança. Nesse sentido anunciamos algumas medidas com vista à renovação da Associação Moçambicana de Operadores de Microfinanças  (AMOMIF). Estamos preparando a nossa associação para que a indústria de microfinanças acompanhe as novas exigências de enquadramento legal, assim como se beneficie das inovações tecnológicas e, assim possa responder melhor aos desafios da inclusão social e financeira.

Alguns exemplos recentes que ilustram este progresso:

• A assistência que nos vem sendo prestada pelo projecto REFP financiado pelo IFAD foi renovada, com fundos disponíveis até setembro para nossas atividades de formação e apoio à gestão dos operadores;
• Através da representação do Banco Mundial em Maputo, estamos iniciando um projeto de assistência para reforçar a capacidade e condições de trabalho na sede da AMOMIF. O foco desta assistência é a melhoria das capacidades de alguns associados para conseguirem aceder a financiamento do projeto “+Oportunidades”;
• O Fundo Empresarial da Cooperação Portuguesa (FECOP) com apoio técnico da Gapi está a preparar um projeto de assistência aos nossos membros visando beneficiar de um sistema de garantias das carteiras de crédito que poderá ser adicionado a meios de subvenção financeira a micro e pequenas empresas.

Esses benefícios são resultado do trabalho de advocacia que o Conselho de Direção tem realizado. Como economista e presidente da AMOMIF, tenho argumentado em vários fóruns que o sistema financeiro precisa ser mais diversificado. Os serviços prestados pelas instituições microfinanceiras têm um papel decisivo na inclusão social e na melhoria das condições de vida das famílias de baixa renda, assim como no surgimento e sucesso de milhares de micro e pequenas empresas. Isso também contribui para a geração de emprego, atenuando a frustração de dezenas de milhares de jovens que anualmente atingem a idade laboral.

Mas, para que a indústria microfinanceira possa desempenhar esse papel, as instituições que integram este sector precisam se modernizar e gerir com transparência e prudência os recursos que captam junto de depositantes ou de financiadores. Este é o desafio que as IMFs têm de abraçar para poderem sobreviver. É o desafio de uma nova fase na qual os gestores de microfinanças têm de conduzir as suas organizações combinando sustentabilidade com impacto social.

Estamos numa nova fase, onde o desenvolvimento de Moçambique exige maior inclusão social. Para tal o sistema financeiro é como uma pedra angular: o edifício económico tanto pode ser orientado para uma maior exclusão ou, inversamente, gerando mais equidade.

A AMOMIF está se preparando para melhor apoiar a indústria microfinanceira a renovar-se e a contribuir para que através de maior inclusão financeira se gerem mais empregos, melhoria nas rendas das famílias de trabalhadores e novas oportunidades para jovens. É esta a ambição do plano de actividades da AMOMIF para 2025.

Como primeiro passo apostamos na melhoria da comunicação não só com os   membros como também com o público em geral. Temos novos canais de comunicação. Visitem a nossa página web ( www.amomif.org.mz) e o Facebook AMOMIF. Nos próximos dias, teremos informações mais detalhadas sobre atividades e eventos enquadrados neste desafio de relançar a indústria microfinanceira. Através destes canais, assim como dos meios normais de correspondência desde já gradecemos a todos pela colaboração e questionamentos que por bem entenderem dirigir ao Conselho de Direção.

Saudações

Francisco António Souto
Presidente do CD da AMOMIF